SÍNDROME CLINICA ISOLADA – UM DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL COM A ESCLEROSE MÚLTIPLA: RELATO DE CASO E REVISÃO DA LITERATURA
Introdução: A Síndrome Clinicamente Isolada (CIS- Clinically Isolated Syndrome) corresponde ao primeiro episódio clínico com características sugestivas de desmielinização do sistema nervoso central. Esta pode ser o primeiro sintoma de diversas doenças, sendo mais comum relacionada à Esclerose Múltipla (EM).
Objetivos: Relatar um caso de CIS, discutir seus critérios clínicos de diagnóstico e sua progressão para EM.
Métodos: Revisão de prontuário médico e da literatura especializada.
Relato do caso: Homem, branco, 22 anos, apresentou episódio súbito de tontura associada à diplopia, principalmente nas miradas laterais. Duas semanas após apresentou quadro de turvação visual bilateral, com duração de várias semanas, mas com melhora espontânea total. Não foi submetido a nenhum tratamento. Exame neurológico não evidenciou déficits focais. RM de crânio demonstra hipersinal em T2 e FLAIR na ponte, substância branca cerebral, tálamo e corpo caloso, sem captação de contraste; RM de medula cervical e dorsal sem alterações. LCR com síntese intratecal de IgG e IgM, presença de bandas oligoclonais de IgG, pleocitose e hiperproteinorraquia discreta. RM de crânio, de controle, um ano após o evento, demonstra novas lesões, não captantes de gadolíneo, em corpo caloso, lobo parietal, região periventricular. Não houve alteração do quadro neurológico nesse período; o paciente permanece sem tratamento.
Conclusões: Trata-se de um caso de CIS, com uma única manifestação neurológica, porem com alto risco de progressão para EM. Os exames complementares, até o momento, não evidenciaram critérios para diagnóstico de EM. Houve progressão das lesões no espaço, mas sem manifestação neurológica correspondente. O LCR demonstra síntese de IgG e IgM; segundo Villar et al. 2012, pacientes com esse perfil liquórico apresentam grande probabilidade de conversão para EM. Apesar das chances de conversão, segundo os critérios de CIS, optou-se por conduta conservadora nesse caso; o paciente permanece em seguimento radiológico anual.
síndrome clínica isolada, desmielinização, esclerose múltipla.
Clínica Médica
Faculdade de Medicina de Campos - Rio de Janeiro - Brasil
Marina Nolasco Manhães Gomes Barreto, Carolina Maria Leal Rosas, Bruno da Silva Firmino Ferreira, Marcelle Sousa Lacerda, Vanderson Carvalho Neri