Metástase óssea como apresentação inicial de adenocarcinoma gástrico pouco diferenciado: relato de caso
Introdução: O adenocarcinoma gástrico é uma das neoplasias malignas mais comuns apresentando alto índice de mortalidade. Tem incidência prevalente em homens, numa proporção de 2:1, sendo mais frequente entre 50 e 70 anos. Cerca de 60% dos casos de câncer gástrico apresenta-se como doença disseminada no momento do diagnóstico, variando de acordo com o tipo histológico, sendo a invasão direta e a carcinomatose peritoneal as mais comuns. A disseminação hematogênica é menos comum, ocorrendo em 40% dos casos para o fígado, 20% para o pulmão e 10% para os ossos.
Objetivo: Relatar o caso de um jovem com diagnóstico inicial de lesões ósseas disseminadas secundárias a um tumor gástrico primário.
Relato de caso: Homem, 37 anos, com queixa de cervicalgia intensa de início há duas semanas da data de internação, com piora da intensidade e irradiação para região occipital 12 dias após, sendo internado em unidade de pronto atendimento em Brasiléia, Acre, para alívio de sintomas. Cerca de 2 dias após alta médica, foi encaminhado para o serviço de pronto-socorro da capital Rio Branco, com mesma queixa, onde foi realizado tomografia computadorizada de coluna cervical evidenciando lesões ósseas, posteriormente confirmadas por cintilografia, difusas no arcabouço ósseo compatíveis com implantes secundários disseminados.
Foi então transferido para o hospital de referência para investigação de sítio primário, sendo evidenciado por meio de endoscopia digestiva alta, mucosa de corpo na transição com antro com lesão extensa comprometendo a incisura angular, ulcerada, de bordos mal definidos, com pregas grossas e endurecidas; lesão de bordas regulares e planas, pregas confluentes e fundo coberto de fibrina de aproximadamente 5mm, confirmada após biópsia e histopatologia como adenocarcinoma pouco diferenciado grau III histológico e nuclear, mucocelular e muco-secretor com células em “anel de sinete”.Paciente então foi referenciado ao Hospital do Câncer para continuidade do tratamento.
Conclusão: Metástase óssea por adenocarcinoma gástrico como sítio primário é raro. As características clínicas ainda não foram totalmente avaliadas. No entanto, sabe-se que o prognóstico para adencarcinoma gástrico com metástase óssea não é satisfatório. A investigação com exames de imagens mais agressivos pode ser necessária na prática, mesmo que em pacientes assintomáticos, para estadiamento e melhor escolha terapêutica.
Palavras-chave: adenocarcinoma; anel de sinete; tumor gástrico; metástase óssea.
Clínica Médica
André Leonam Lopes Isquierdo, Gabriela Cordeiro de Carvalho, Hellen Caroline de Oliveira Pereira, Rinauro Santos Júnior, Leonardo Assad Lomonaco