Demência em um portador de HIV : a propósito de um caso clínico
Descrição de um caso de demência associada ao HIV em um homem adulto sem diagnóstico e tratamento adequado.
Evidenciar as manifestações neurológicas em pacientes portadores de HIV no curso de sua infecção sem tratamento adequado.
Estudo de caso; Refere-se a um paciente do sexo masculino, 59 anos, hipertenso, residente em Belo Horizonte . Negava tabagismo, etilismo social . O paciente foi admitido no dia 17/09/2015 no PA do Hospital Belo Horizonte, trazido pela esposa que relatava que em Setembro de 2014 o mesmo apresentou “mal súbito” enquanto trabalhava , afirma que houve um período de amnésia momentâneo. Procuraram atendimento médico, no qual foi descartado isquemia cerebral aguda; desde então por apresentar alteração cognitiva progressiva, iniciou acompanhamento clínico com a equipe de Neurologia deste hospital. Segundo a esposa, os déficits cognitivos e posteriormente motores geraram conseqüências pessoais e sócio-econômicos para a família, pois o mesmo ficou impossibilitado de exercer suas atividades de vida diária sem auxílio. Negava cefaléia, febre, alteração urinária, dispnéia . Admitido com quadro de desorientação no tempo e espaço, confusão mental, pouca interação com o examinador, disártrico, sem controle esfincteriano e com perda ponderal importante . Encontrava-se desidratado, emagrecido, desorientado no tempo e espaço, glasgow 12, sem alterações nos demais sistemas. Foi internado e iniciado investigação para diagnóstico da demência relatada; foram solicitados marcadores tumorais, exames de imagem e sorologias. Não houve melhora do quadro neurológico, encontrava-se totalmente dependente para atividades de vida diária.
A sorologia evidenciou a presença do vírus HIV sendo então confirmado em segunda amostra pelo Imunoblot. Após confirmação diagnóstica de HIV positivo com quadro demencial associado, foi iniciado tratamento com HAART – Terapia antirretroviral altamente ativa . Recebeu alta médica ainda com quadro de demência, com continuidade do tratamento a nível ambulatorial.
Foi descrito um caso de demência em um paciente internado inicialmente com alterações cognitivas progressivas. O diagnóstico é baseado na história clínica, exame neurológico e cognitivo. É importante reconhecer precocemente danos sutis, já que, em alguns casos, podem significativamente melhorar a chance de reversão da demência com HAART, melhorar a qualidade com tratamentos adicionais e mesmo possibilitar a monitorização da aderência do paciente a medicação.
alterações cognitivas, HIV, demência
Clínica Médica
Hospital Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil
Andrezza Oliveira Mendes, José Benedito Carvalho, Ítalo Facella Oliveira, Daniel David Corraes