Ocorrência de Infecção do Trato Urinário e Perfil de Sensibilidade Antimicrobiana no Ambiente Hospitalar
No Brasil, cada vez mais debate-se sobre as Infecções do Trato Urinário (ITUs) devido à grande prevalência na população (2ª maior causa de infecção comunitária e hospitalar). Mais frequente em mulheres, idosos, crianças até um ano e homens com doença prostática, as ITUs geralmente apresentam como uropatógeno preponderante a Escherichia Coli (50-60%) e cursa com a sintomatologia que costuma ser disúria, polaciúria, dor lombar a supra púbica e urgência urinária.
Descrever o perfil microbiano e antimicrobiano das Infecções do Trato Urinário em ambiente hospitalar
Este é um estudo transversal realizado no RS, em um Hospital da cidade de Pelotas no período de janeiro de 2012 a dezembro de 2016. As informações foram coletadas do banco de dados da Comissão de controle de infecção hospitalar (CCIH) de prontuários de pacientes internados nas enfermarias, digitados no programa Excel, analisados pelo pacote estatístico Stata.
No período avaliado, houve 1114 análises de exames comuns de urina. Destes pacientes, há um predomínio do sexo feminino (53,1%; n=591) e de pacientes idosos, com maior prevalência na oitava década de vida (25,6%; n=285). Quanto aos uropatógenos identificados em cultura, os mais frequentes foram Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae e Cândida sp, com respectivamente 19,6% (n=218), 11,2% (n=125), 10,2% (n=114). Quanto ao perfil antimicrobiano foram testados 860 pacientes com os seguintes medicamentos: Sulfametoxazol+Trimetoprima, Norfloxacino e Ceftriaxone. O primeiro antibiótico mostrou-se sensível na maioria das culturas (44,8% n= 386) e os dois últimos revelaram-se resistentes 35,8% (n=308) e 32,5%(n=280).
Os dados coletados vão ao encontro da literatura, demonstrando que as ITUs são mais frequentes em mulheres e em pacientes idosos. Um dos antimicrobianos mais utilizado é o Norfloxacino, no entanto, nossa amostra evidenciou predomínio de pacientes resistentes a este medicamento. Tal dado pode ter ocorrido devido aos tratamentos empíricos, pelo amplo espectro dessa classe e pela resistência à E.Coli que é o patógeno mais preponderante. A Sociedade de Doenças Infecciosas Americana recomenda a necessidade de dados epidemiológicos locais para a prática terapêutica. Por isso, salientamos à importância dos principais patógenos serem devidamente analisados para subsidiar o tratamento e evitar que a população utilize medicamentos desnecessários.
Clínica Médica
Santa Casa Misericórdia De Pelotas - Rio Grande do Sul - Brasil
Laura Zago Munhoz, Leonardo Jaeger Bellinaso, Sabrina Mattos Teixeira, Kátia Cilene Rosa Zielke, Ricardo Bica Noal