Intoxicação exógena por glifosato ocasionando injúria renal aguda dialítica: Relato de Caso
Glifosato é um herbicida não seletivo, com nome comercial de Mato-Mato, tem como ação pós-emergente apresentado como concentrado solúvel, sendo do grupo químico da Glicina cuja ação inibe uma via metabólica de aminoácidos aromáticos provocando danos oxidativos em fígado e rins, interrompendo o metabolismo mitocondrial em níveis de exposição atualmente considerados seguros e aceitáveis pelas agências reguladoras.
Apresentar caso clínico, que apresentava intoxicação exógena ocasionada por Glifosato evoluindo para IRA dialítica.
Revisão de prontuário
Descrição do Caso: AJCA, masculino, 38 anos, chega ao hospital encaminhado devido à possível intoxicação exógena por Mata-Mato (Glifosato). Paciente encontrava-se com eritema generalizado, recebendo tratamento anterior a internação com fenergam. Uso do Glifosato há 2 dias, mas já utilizava o mesmo por 2 anos sem alterações previas. Evoluindo com fadiga, mialgia e icterícia. Ao exame físico, pressão arterial de 140X80, aparelhos cardiovascular e respiratório sem alterações e ausência de edema em membros inferiores. Hemograma de admissão com hemoglobina 16,1, hematócrito 38,3, leucócitos 10.800, plaquetas 70.000, VHS 36, TGO 1090, TGP 542, GGT 108 FA 48, Na 132, K 5,1, creatinina 7,68, uréia 272 e PCR 2,17. Urina I proteínas + Cristais de uratos amorfos. Sendo indicada internação em UTI, após admissão devido ao quadro de uremia, paciente precisou ser submetido à hemodiálise, evoluindo com melhora da função renal com sorologias colhidas e negativas para mononucleose, HIV 1 e 2 não reagentes, sorologias para hepatites não reagentes, uréia 140, creatinina 4,37, cálcio 7,3, magnésio 1,8, sódio 133,9, potássio 4,2. Evoluindo com melhora da função renal e atualmente paciente segue em ambulatório de nefrologia.
Conclusões: A intoxicação por Glifosato é tido como baixo risco para espécies não alvo. Não comum devido à exposição prolongada que o paciente apresentava. Muito dos efeitos encontrados em pesquisas recentes não seriam detectados pelos experimentos realizados tradicionalmente pelas autoridades reguladoras de pesticidas atuais. Em estudos de longa data (2 anos) revelaram danos hepatorrenais com doses hoje consideradas seguras para o consumo humano.
Injuria Renal Aguda Glifosato
Clínica Médica
Hospital Policlin - IPEP - São Paulo - Brasil
Paloma Beatriz Ratto, Andre Lopez do Nascimento, Carolina Ferreira Mascarenhas, Sylvio Jose Macedo Becker, Joao Manoel Theotonio dos Santos