RELATO DE CASO – ESCLEROSE SISTÊMICA COM DOENÇA INTERSTICIAL PULMONAR ASSOCIADA AO CÂNCER DE PULMÃO
A esclerodermia é uma doença do tecido conjuntivo de etiologia desconhecida, que acomete o parênquima pulmonar com frequência e tem sido associada a um risco maior de malignidade.
Demonstrar a relação entre a esclerodermia, fibrose pulmonar e o câncer de pulmão reforçando a importância de uma vigilância pulmonar cuidadosa, pelo risco acrescido de neoplasia.
Paciente J.J.G, 52 anos, feminina, natural do RJ, dona de casa, hipertensa, não tabagista, portadora de esclerose sistêmica difusa há 2 anos, internou com tosse seca, dispneia aos pequenos esforços e dor do tipo pleurítica em bases pulmonares há 1 mês.
Realizado Rx de tórax evidenciando área de opacidade em lobo superior à direita com sinal do ‘S de Golden’ e iniciado cefuroxima com claritromicina, feito por 14 dias.
Feito TC de tórax para melhor elucidação do caso, evidenciando consolidação de quase todo lobo superior direito, com formação expansiva mal delimitada com realce heterogêneo pelo contraste, invadindo mediastino superior, englobando tronco venoso braquicefálico, tronco arterial pulmonar direito e, parcialmente, a traqueia. Além de alterações características de fibrose pulmonar e volumoso derrame pericárdico, em que foi drenado 700 ml. TC de abdome para rastreio neoplásico mostrando apenas litíase biliar.
Avaliada pela equipe cirúrgica que realizou biópsia de linfonodo cervical encontrado no exame físico da paciente, obtendo o resultado de carcinoma metastático para linfonodo, sendo o padrão histológico compatível com neoplasia neuroendócrina de alto grau ou carcinoma de pequenas células pulmonar.
Paciente permaneceu internada com melhora parcial dos sintomas e com consulta agendada em hospital oncológico para 2 meses após a internação, porém foi à óbito por falência respiratória nesse período.
A presença de doença pulmonar é um fator determinante na qualidade de vida, morbidade e mortalidade do paciente com esclerose sistêmica. No maior estudo encontrado na literatura, envolvendo mais de 1.000 pacientes, o acometimento pulmonar foi responsável por 33% dos óbitos. As alterações imunológicas observadas em doentes com esclerodermia, combinadas com a fibrose pulmonar, podem predispor ao desenvolvimento de câncer. Assim, deve ser reforçada a importância de acompanhamento rigoroso, principalmente com acometimento fibrótico, para rastreio e diagnóstico precoce de uma possível neoplasia pulmonar objetivando um aumento da expectativa de vida desses pacientes.
câncer de pulmão, esclerose sistêmica, fibrose pulmonar,
Clínica Médica
Hospital Municipal Souza Aguiar - Rio de Janeiro - Brasil
Bárbara Botelho Schiavo Santos, Luiz Roberto Fernandes Costa, Valeria Barbosa Moreira, Sulamita Santos Nascimento Dutra Messias, Juliana Rodrigues Garcia