Adenite mesentérica simulando apendicite aguda: Relato de caso
Introdução
A adenite mesentérica é uma síndrome relativamente rara, considerada quando um grupo de três ou mais linfonodos medindo pelo menos 5 mm está presente no mesentério do quadrante inferior direito do abdome. A causa mais frequente é a infecção intestinal por Yersinia enterocolítica.
Objetivo
O objetivo desse trabalho é demonstrar o desafio diagnóstico quando estamos diante de um quadro de adenite mesentérica por infecção gastrointestinal, mimetizando um abdome agudo como apendicite aguda.
Descrição do Caso
Paciente T.M.S., feminina, 29 anos, natural do Rio de Janeiro, deu entrada na emergência do Hospital com quadro de dor abdominal periumbilical de forte intensidade, migrando para fossa ilíaca direita, associado a febre e diarréia de 5 episódios ao dia, sem sangue ou muco.
Ao exame físico, encontrava-se em regular estado geral. Abdome flácido, doloroso a palpação difusamente, descompressão dolorosa em fossa ilíaca direita e peristalse aumentada. Em avaliação conjunta com a Cirurgia Geral a primeira hipótese diagnóstica foi apendicite aguda
Os exames laboratoriais evidenciaram leucocitose com desvio para esquerda e proteína C reativa aumentada. A tomografia computadorizada de abdome evidenciou plastrão de aspecto inflamatório no íleo-mesentérico, com espessamento parietal e discreta distensão do íleo distal, além de vários linfonodos com até 0,8cm esparsos na gordura mesentérica da pelve e fossa ilíaca direita. Apêndice cecal anatômico. Ultrassonografia de abdome total demonstrou presença de linfonodos mesentéricos sugerindo adenite mesentérica.
Paciente foi internada em enfermaria e, após descartado quadro de apendicite aguda, iniciou-se ciprofloxacino e metronidazol para infecção gastrointestinal. Após quatro dias em uso de antibiótico a paciente permanecia sintomática. Apesar da coprocultura negativa para Yersinia, optou-se por realizar teste terapêutico e trocar antibioticoterapia para sulfametoxazol-trimetropim, pensando na hipótese diagnóstica de adenite mesentérica por Yersinia enterocolítica.
A paciente apresentou melhora clínica e laboratorial dentro de 24 horas. Teve alta hospitalar com resolução completa do quadro, o que nos faz pensar como principal hipótese diagnóstica a infecção por Yersinia enterocolítica.
Conclusão
Em casos de suspeita de apendicite aguda associado a um quadro de diarréia, deve-se pensar na possibilidade de adenite mesentérica, cuja principal causa é a infecção por Yersinia enterocolítica.
Adenite mesentérica; Abdome Agudo; Apendicite Aguda; Yersinia enterocolítica
Clínica Médica
Hospital Adventista Silvestre - Rio de Janeiro - Brasil
Maria Fernanda Nasser Amoedo, Bárbara Costa Bracarense, Luisa Adriana Almeida Antunes, Ana Paola Lavigne Safadi, Sâmara Silva Stocco De Melo