SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ - RELATO DE CASO
A síndrome de Guillain-Barré é uma grave emergência neurológica e a causa mundial mais frequente de paralisia flácida.
Reconhecer o diagnóstico, tratamento e seguimento pós-alta da referida doença.
Descrição do caso
MIGB, feminino, 12 anos, admitida no Hospital Pequeno Príncipe, Curitiba, com paresia e fraqueza em membros inferiores e dificuldade de deambulação. Exame físico geral normal e neurológico com diminuição da força muscular proximal e da força em adução nos membros inferiores. Líquor com elevação de proteínas (196mg/dL), sem reação celular (0,31/mm4).
Internada na UTI geral, evoluiu com paralisia facial periférica bilateral, afonia, disfagia e hiporreflexia. Foi tratada com imunoglobulina endovenosa. Apresentou melhora progressiva da força no sentido crânio-caudal, sem necessidade de ventilação mecânica, com posterior transferência para enfermaria.
Ressonâncias magnéticas de neuroeixo demonstraram realce das raízes da cauda equina no canal lombossacral. Eletroneuromiografia evidenciou polirradiculoneurite motora axonal. Parasitológico de fezes revelou infecção por Campylobacter jejuni.
No 19º dia de internamento apresentava paralisia facial periférica à direita em grau de melhora, força 4 e 2 em membros superiores distal e proximal e 3 e 2 em membros inferiores distal e proximal, reflexos osteotendinosos de 2+/4 e 1+/4 em membros superiores e inferiores, respectivamente. Alta, com proposta de retorno ambulatorial e fisioterapia.
A síndrome de Guillain-Barré é uma polineuropatia inflamatória aguda desmielinizante com dissociação albuminocitológica liquórica, precedida de doença aguda em 70% dos casos. O patógeno Campylobacter jejuni é o mais frequente. Há desenvolvimento rápido e ascendente para paralisia flácida e hipo/arreflexia, podendo comprometer musculatura respiratória e facial em 2-4 semanas. Ventilação mecânica é necessária em 1/3 dos casos.
Seu diagnóstico exige fraqueza simétrica em mais de um segmento apendicular e hipo/arreflexia. Há dissociação albuminocitológica inicial em 50% dos pacientes.
Se possível, internar os paciente em UTI. É preconizado tratamento com plasmaferese ou imunoglobulina humana intravenosa (0,4g/kg/dia por 5 dias), ambos eficazes, devendo ser realizados em até 2 semana do início da doença. O uso de corticóide não acelera a recuperação.
A recuperação completa é frequente com neuroreabilitação agressiva e fisioterapia precoce, embora 10% dos pacientes mantenham dificuldade de deambulação.
Clínica Médica
Universidade Positivo - Paraná - Brasil
Livia Sayumi Mizobuchi, Katherine Unterstell Brittes, Roberta Ramos Polonio, Lara Braschi Haliski