Poliangeíte Granulomatosa Eosinofílica associada à rara manifestação neurológica: relato de caso.
A Poliangeíte Granulomatosa Eosinofílica (PGE) representa uma síndrome multissistêmica agrupada dentro das vasculites associadas ao ANCA, envolve frequentemente pulmões, pele e nervos periféricos. A manifestação neurológica mais comum é a mononeurite multiplex (MM) que acomete de 36,1%-71,8% dos pacientes com PGE. Porém, o acometimento de par craniano raramente é descrito na literatura.
Descrever o quadro clínico de um paciente com diagnóstico de PGE, apresentando MM associada a um raro acometimento do VII par craniano.
Paciente sexo masculino, 58 anos, natural e procedente de Campo Grande, MS, diagnosticado com asma brônquica há 3 anos, apresentando episódios de rinossinusites recorrentes. Há 4 meses queixa-se de fraqueza em membros inferiores (MMII) e parestesia em plantas dos pés. Procurou atendimento devido à prostração, febre diária, mialgia e dispneia aos moderados esforços. Ao exame físico, apresentava lesões purpúricas em mãos e pés, e desvio da rima facial para direita. Os exames laboratoriais evidenciavam leucocitose com acentuada eosinofilia e aumento de provas inflamatórias. A radiografia de tórax demonstrou infiltrado alveolar em ambas bases. Aventado a hipótese de pneumonia comunitária, iniciado antibioticoterapia.
Avaliado pela equipe de neurologia que descartou acidente vascular cerebral após realização de tomografia computadorizada de crânio e punção liquórica. A eletroneuromiografia evidenciou polineuropatia assimétrica sensitiva e motora axonal com maior comprometimento dos MMII, caracterizando MM. Iniciou-se investigação para doenças infecciosas e auto-imune. A piora do quadro de eosinofilia e das lesões cutâneas associada ao quadro neurológico estabelecido levantaram a hipótese de PGE. Iniciado, após descartar doenças infecciosas, pulsoterapia com metilprednisolona por 5 dias, seguido de ciclofosfamida. O paciente evoluiu com melhora do quadro cutâneo e da eosinofilia, desaparecimento da dispneia, parestesia e febre. Posteriormente, as sorologias, evidenciaram presença de p-ANCA positivo (1:20). Recebeu alta para seguimento no ambulatório de reumatologia e reabilitação neurológica.
Descrevemos um caso de PGE associada a paralisia do VII par craniano. A literatura aponta para a raridade desta interação com incidência de 3.1%-14%, sendo o mais comum a neuropatia isquêmica do nervo óptico. Visto isso, conclui-se a necessidade da PGE entrar no arsenal de diagnósticos clínicos diferenciais de um paciente com tais sinais e sintomas.
1 - Poliangeíte granulomatosa eosinofílica.
2 - Síndrome de Churg - Strauss.
3 - Mononeurite Multiplex.
4 - Paralisia facial.
Clínica Médica
Hospital do Coração de Mato Grosso do Sul - Mato Grosso do Sul - Brasil
Lucas Vian Rodrigues, Débora Tobaldine Russo, Talita Batatata Miniello, Diego Filártiga Braga, Fernanda Sayuri Oshiro