Trombólise durante parada cardiorrespiratória por tromboembolismo pulmonar.
Fundamentação/Introdução
O tromboembolismo pulmonar (TEP) é a manifestação clínica mais grave do tromboembolismo venoso (TEV), podendo se manifestar de forma oligossintomática ou até mesmo com quadros de parada cardiorrespiratória e morte súbita. Apesar das altas taxas de morbimortalidade, ainda é pouco diagnosticado. A trombólise, apesar dos riscos de eventos adversos significativos, ainda é a primeira escolha na presença de instabilidade.
Objetivo
Descrever um caso de trombólise durante parada cardiorrespiratória (PCR) por TEP, com retorno da circulação cardiovascular, e recuperação das complicações cardíacas agudas, sem sequelas clínicas posteriores.
Descrição do caso
Paciente, sexo feminino, 23 anos, procurou atendimento em pronto socorro por dor e edema em coxa esquerda. Antecedente de uso de anticoncepcional (anel vaginal) e gastroplastia há 6 meses, sem eventos de TEV prévio. Ao exame, empastamento e edema de coxa esquerda, com pulsos distais ausentes. Realizado ultrassom Doppler que demonstrou fluxo arterial trifásico e trombose venosa femoro poplítea. Ao final do exame apresentou síncope seguida de dessaturação, hipotensão, sudorese e confusão mental. Encaminhada a sala de urgência, realizada intubação orotraqueal e acesso venoso central para realização de trombólise com alteplase 100mg em 2 horas, evoluiu com duas PCR em atividade elétrica sem pulso (AESP), com tempo total de 10 minutos. Manteve-se anticoagulada com heparina não fracionada em bomba de infusão contínua. Realizado ecocardiograma 5 horas após PCR, com fração de ejeção (FE) 0,68, disfunção sistólica importante de ventrículo direito, dilatação importante das câmaras cardíacas direitas e sinais sugestivos de hipertensão arterial pulmonar importante. Angiotomografia de tórax realizada 7 horas após início da trombólise, sem presença de trombo, com área de consolidação sugestiva de infarto pulmonar.
Internada em UTI por 6 dias, seguido de um dia de observação hospitalar, feito transição de anticoagulação para enoxaparina e posteriormente xarelto, evoluindo sem sequela neurológica decorrente de hipóxia e melhora cardiológica, ecocardiograma realizado três dias após PCR, FE 0,71, dimensões das câmaras cardíacas dentro da normalidade, pressão da artéria pulmonar 20mmHg, insuficiência valvar tricúspide de grau discreto.
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Conclusões
O TEP ainda é pouco diagnosticado e casos graves, como seguidos de PCR, devem ser prontamente diagnosticados para correto tratamento e redução de sequelas.
Clínica Médica
Hospital do Coração de Londrina - Paraná - Brasil
Rafaela Rodrigues Sampaio Nogueira, Daniele Tomazini Tirolli, Fatima Mitsie Chibana Soares, Roberto Henrique Camassa Neto, Jamile da Costa Riechi