MIOCARDIOPATIA PERIPARTO EM PACENTE JOVEM PRIMÍPARA
INTRODUÇÃO: A cardiomiopatia periparto (CMPP) é uma forma infrequente de cardiomiopatia dilatada, com prevalência de 1/1300 nascidos vivos. É definida pelo: desenvolvimento de insuficiência cardíaca congestiva entre o último mês de gestação e os primeiros cinco meses pós-parto; ausência de outra causa para insuficiência cardíaca e de cardiopatia pré-existente; disfunção ventricular esquerda (VE) por critérios ecocardiográficos (FE: < 45%, Encurtamento percentual < 30% e diâmetro diastólico final de VE > 2,7 cm/m²). Os fatores de risco são: idade acima de 30 anos, multiparidade, descendência africana, pré-eclâmpsia, hipertensão pós parto. Sem etiologia conhecida.
OBJETIVOS: Análise clínica de fatores predisponentes e avaliação do quadro.
RELATO DE CASO
CASO: S.S.C, feminino, parda, 16 anos, puerpério remoto (54 dias), G1P1C1A0 encaminhada ao Mario Palmério Hospital Universitário com dispneia progressiva aos pequenos esforços há 2 semanas, ortopnéia, palpitações, anasarca e ganho de 7 kg nesse período. Nega doenças prévias e uso de medicamentos. Histórico pré-eclâmpsia e diabetes mellitus gestacional. Exame físico: REG, edema palpebral bilateral, murmúrio vesicular diminuído, estertores em bases, FR: 16 irpm, SpO2: 99% em AA, RCR com presença de B3, B1>B2, sopro sistólico panfocal (2+/6+), PA: 100x65 mmHg, abdome globoso, doloroso a palpação profunda, hepatomegalia e presença de refluxo hepato jugular. Eletrocardiograma: bloqueio de ramo esquerdo. Ecocardiograma: AE: 50, Dd: 69, Ds: 64, D%:7; FE%: 28, S:9; Pp; 8, aumento importante dos átrios, valva mitral e tricúspide com dilatação de anel e refluxo importante com pressão sistólica da artéria pulmonar de 49 mmHG, hipocinesia difusa importante do VE. Raio x tórax: cardiomegalia grau 2. A terapêutica na internação foi realizada com restrição hidrossalina, furosemida EV (20mg 1 ampola de 08/08 horas), carvedilol VO (3,125mg 12/12horas), espironolactona VO (50mg 1cp ao dia), losartana VO (50mg 1 cp 12/12 horas). Com a terapia houve melhora do quadro, recebendo alta assintomática com ajuste das medicações e encaminhada ao ambulatório de cardiologia do MPHU.
CONCLUSÃO: Pacientes jovens podem apresentar Cardiomiopatia periparto com sintomas clássicos. Deve-se diferenciar rapidamente dos sintomas do puerpério fisiológico, instituir terapia otimizada para insuficiência cardíaca congestiva com rigoroso acompanhamento cardiológico e orientar para as seguintes gestações.
cardiomiopatia periparto; cardiomiopatia dilatada
Clínica Médica
Maria Paula Gouveia Bernardes, Letícia Andrade Santos, Ana Luisa Oliveira, Samir Idaló Junior, Mariana Franco Pereira