Quilotórax em paciente com tumor carcinoide: relato de caso
A presença de quilo no espaço pleural é devido ao rompimento do ducto torácico e/ou de suas principais tributárias. Clinicamente, o paciente com quilotórax apresenta dispneia aguda ou subaguda. A toracocentese costuma resultar exsudato leitoso com predominância de linfócitos, presença de quilomícrons e triglicérides (acima de 110mg/dL).
O manejo requer individualidade no seguimento desses pacientes, por causa da diversidade da anatomia e da patogênese (a etiologia principal é traumática, e a segunda, neoplásica). O tratamento é direcionado à causa subjacente e inicialmente é colocado dreno torácico. A contínua sucção do dreno alivia a pressão do quilo nos pulmões, ocasiona a reexpansão dos pulmões colapsados, e possibilita mensurar o líquido coletado. A drenagem torácica menor que 500mL em 24h após a cessação da dieta oral é um bom preditor.
Relatar caso de quilotórax em paciente oncológica pós-tratamento.
Relato de caso
E.N.S, sexo feminino, 55 anos, diagnosticada em abril/2017 com neoplasia pulmonar carcinoide, submetida em maio a lobectomia inferior e média à direita e ressecção do átrio direito. Foi colocado dreno torácico no perioperatório e retirado 5 dias após a cirurgia. Por volta do décimo dia de pós-operatório, a paciente apresentou dispneia aos médios esforços com melhora apenas em decúbito lateral, sudorese fria, adinamia e prostração, o que motivou o retorno. Sendo internada e drenado 3L de secreção ocre do hemitórax direito.
A analise do líquido revelou LDH 148; proteínas totais 3,4; triglicérides 503; ausência de bactérias coráveis ao Gram. Na internação foi realizada angiotomografia de tórax que evidenciou tromboembolismo bilateral. A dieta oral foi suspensa, iniciada dieta parenteral e enoxaparina terapêutica. No primeiro dia foram coletados menos de 500mL. A paciente permaneceu 15 dias com o dreno e sem nova abordagem.
O quilotórax é uma condição rara e possui morbimortalidade significativa devido não ao volume coletado que pode exacerbar os sintomas como também a condição imunológica, podendo resultar em infecções oportunistas. Normalmente é unilateral, acometendo mais o hemitórax direito. É constituído por quilomícrons, alta concentração de triglicérides, linfócitos T e proteínas, e baixa, de colesterol.
A variação do padrão anatômico explica a incidência do extravasamento do quilo apesar do cuidado do cirurgião na proteção do ducto torácico principal durante a cirurgia.
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Clínica Médica
SCMBH - Minas Gerais - Brasil
Débora Cristoforidis Teixeira, Andre Vinicius Costa Carneiro Dourado, Paula Geovanna Rocha Pontello, Rafaela Rabelo Maciel, Rachel dos Santos Martins