Síndrome do Complexo Regional Doloroso pós Neuralgia Herpética: Um Relato de Caso
Apenas com a instituição precoce do tratamento é possível reduzir a dor e recuperar a capacidade funcional do paciente que apresenta a Síndrome do Complexo Regional Doloroso (SDCR). O tratamento é um dos tópicos de maior discussão, devido a não existência de um protocolo estabelecido e também por ser uma doença com fisiopatologia ainda não elucidada.
Difundir experiência terapêutica de sucesso para SDCR pós neuralgia herpética.
Mulher, 59 anos, branca, hipertensa, diabética. Há dois meses, foi diagnosticada com Herpes Zoster em mão esquerda e medicada com Aciclovir 2000 mg/dia por sete dias. Após término do tratamento, paciente persistiu com quadro álgico importante e, devido à dor intensa, foi prescrito Gabapentina 900 mg/dia e encaminhada ao Ambulatório de Reumatologia. Em primeira consulta, ao exame físico, apresentava crostas hemáticas em palma e quirodáctilos de mão esquerda, associadas a edema, até região de punho, doloroso à palpação. Diante do quadro, levantou-se a hipótese diagnóstica de Neurite Pós-Herpética e iniciou-se tratamento com Gabapentina 1800 mg/dia, associado a Paracetamol com Codeína em caso de dor. Após quatro semanas de tratamento, paciente retorna com dor latejante, de intensidade moderada, associada à parestesia local, edema e prurido, limitação funcional, remissão de crostas, presença de eritemas puntiformes subdérmicos em mão e antebraço esquerdos e com melhora parcial ao uso da medicação. Após três meses do quadro herpético e diante de uma resposta discreta à Gabapentina, considerou-se a hipótese diagnóstica de Síndrome Dolorosa Complexa Regional Pós Herpética e optou-se por associar Amitriptilina 25 mg/dia. Após um mês, retornou com piora de quadro álgico, intensidade alta, com persistência dos demais caracteres e optou-se por suspender a Gabapentina. Assim, mantivemos Amitriptilina 25 mg, Pregabalina 150 mg e Duloxetina 30 mg, doses diárias. Paciente retorna após um mês com melhora significativa de quadro álgico, decidindo-se passar Duloxetina para 60 mg/dia e manter demais medicações.
Dois meses após paciente refere melhora de quadro álgico, com regressão parcial de limitação funcional.
Pouco se sabe sobre a fisiopatologia da SDCR, o que tem mostrado um verdadeiro desafio quanto ao tratamento. Aparentemente a associação de antidepressivos e anticonvulsivantes acaba sendo nossa principal arma terapêutica.
Dor, Dor Crônica, Síndrome do Complexo Regional Doloroso
Clínica Médica
Faculdade de Medicina de Jundiaí - São Paulo - Brasil
Flávia Hosana de Macedo Cuoco, Felipe Toth Renda Dias, Livia da Silva Krzesinski, Maria Isabela Lobo Rossi, Lara Monteiro de Queiroz Ravazzi