Abdome agudo por perfuração uterina pós-curetagem: um relato de caso
A ruptura uterina (RU) geralmente ocorre a partir da 28ª semana de gestação. Nos países subdesenvolvidos, tem como principais etiologias o parto obstruído, a curetagem uterina com perfuração, o acretismo placentário e a mola hidatiforme (MH).
O propósito do presente relato é descrever um caso de abdome agudo perfurativo após curetagem uterina.
Paciente J.J.G.R, 29 anos, sexo feminino, no 5º dia após curetagem uterina por mola hidatiforme, foi admitida ao serviço de urgência queixando-se de dor em toda a extensão abdominal associada a sangramento vaginal de pequena quantidade, sendo constatado sangramento vivo em dedo de luva ao toque vaginal. Nos exames complementares observou-se hemoglobina 6,4 g/dl, fosfatase alcalina 341 U/L, espessamento da parede vesicular, ascite moderada, derrame pleural bilateralmente, restos ovulares, acretismo placentário e líquido livre em fundo de Saco de Douglas.
A paciente evoluiu para abdome agudo perfurativo e insuficiência respiratória, sendo então submetida à laparotomia exploradora, em que se constatou liquido de aspecto uterino em toda a cavidade abdominal por perfuração posterior decorrente da curetagem e presença de hiperemia leve em apêndice, realizou-se uterorrafia e apendicectomia. Foi encaminhada à UTI, onde apresentou discreto esforço respiratório saturando 90% com cateter nasal 3l/min, associado à leucocitose, secreção purulenta esverdeada presente no tubo orotraqueal, crepitações e sibilos discretos em base, justificando um quadro de pneumonia associada à ventilação mecânica. Diante do quadro, a conduta foi a administração de antibioticoterapia e máscara de Venturi 50%. Paciente evolui para alta hospitalar no 12º dia de internação.
A curetagem possibilita surgir perfurações uterinas simples ou complicadas. A mesma pode ser incompleta ou completa, traumática ou não traumática. Um exemplo de traumática é a mola hidatiforme, uma doença um tanto incomum que afeta 10% da população feminina, com um potencial nefasto, mas, que na maior parte dos casos é curável.
ruptura uterina, curetagem, mola hidatiforme.
Clínica Médica
Faculdade Atenas - Minas Gerais - Brasil
Maria Luísa Pinto Ramos Araújo, Murilo Dias Gomes, Isabella Godoy Gomes, Letícia Pacheco Rodrigues, Wesley Lobo Costa Junior