Hipertensão Arterial Sistêmica Secundária: quando investigar?
Introdução: Na avaliação de um paciente hipertenso com particularidades, como instalação aguda da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), refratariedade ao tratamento, idade menor que 30 anos, na ausência de fatores de risco, deve-se aventar a hipótese de HAS secundária (HAS-S). Assim, é imperativa a elucidação etiológica da HAS-S, objetivando tratamento e melhora do prognóstico. As causas de HAS-S são renovascular, doença renal primária, coarctação da aorta, aldosteronismo primário, feocromocitoma, hipotireoidismo, hiperparatireoidismo, Síndrome de Cushing, vasculites e medicações.
Objetivo: Relatar caso de HAS secundária a vasculite em paciente jovem.
Descrição do caso: Mulher, 31 anos, parda, IMC 21, hipertensa desde 27 anos. Iniciou acompanhamento com quadro de síncopes, dispneia (NYHA I), perda ponderal insidiosa e claudicação intermitente em MSE e MMII. Ao exame: PA inaudível em MSE, com perfusão periférica reduzida; PA 170/80mmHg em MSD; PAS 120mmHg em MMII, com amplitudes de pulsos reduzidas e simétricas, mas com perfusão periférica MMII preservada. Sopro abdominal. Exames: Metanefrina 53, Normetanefrina 119, Microalbuminúria 2,2, Ácido Mandélico 1,8; Adrenalina 47; Noradrenalina 85; Dopamina 23,5; Rel. Aldosterona/Atividade de Renina: 12; Creatinina 0,58; K 4,0; TSH 4,1; PTH 47,8. Angioressonância de Aorta torácica, abdominal e vasos da base: estenose moderada/significativa de aorta abdominal infrarrenal e estenose significativa de artéria axilar esquerda. Hipótese diagnóstica: HAS-S decorrente de Arterite de Takayasu (AT).
Foi otimizado o tratamento anti-hipertensivo e encaminhada à Reumatologia, com início de imunossupressão. Evoluiu com boa resposta, porém baixa tolerância à redução da dose dos imunossupressores e difícil controle pressórico.
Conclusão: A AT é uma vasculite crônica, de etiologia desconhecida, que afeta principalmente a aorta e seus ramos principais. Para o diagnóstico a paciente deve apresentar 3 destes critérios: idade de início ≤40 anos; claudicação das extremidades; redução da amplitude de pulso em uma ou ambas as artérias braquiais; diferença > 10 mmHg na pressão arterial sistólica entre os MMSS; sopro em topografia de artérias subclávias/aorta abdominal; estreitamento/oclusão arteriográfica da aorta ou seus ramos primários. A HAS secundária à AT é causada por redução da elasticidade da aorta e seus ramos e está presente em 50% dos casos. A suspeição clínica é o passo inicial para o diagnóstico e tratamento específico.
Hipertensão, vasculite, aorta, Takayasu
Clínica Médica
Kenia Cristina Correia Martins, Maria Carmo Rabelo Alvim Rodrigues, Tatiana Januzzi Naves Vilela, Luciana Cristian Coelho Garcia, Rodrigo Pinheiro Lanna