MIELITE TRANSVERSA RECORRENTE- APRESENTAÇÃO CLINICA E RADIOLÓGICA NA ESCLEROSE MÚLTIPLA E NEUROMIELITE ÓPTICA: RELATO DE DOIS CASOS
Mielite Transversa Aguda idiopática é uma síndrome neurológica resultante do acometimento inflamatório da medula espinhal caracterizada por graus variados de disfunção motora, sensitiva e autonômica de causa desconhecida, porém relacionada a mecanismos imunológicos. A mielite pode ser o primeiro evento da Neuromielite Óptica (NMO) ou da Esclerose Múltipla (EM) e o tamanho das lesões podem auxiliar na definição do diagnóstico.
Relatar dois casos de mielite transversa recorrente no contexto da EM e NMO, discutir seus critérios clínicos de diagnóstico e sua progressão.
Revisão de prontuário médico e da literatura especializada.
Relato do caso: caso 1 Mulher, branca, 26 anos, apresentou dois episódios de redução da força em dimidio direito, de instalação progressiva, evoluindo para hemiparesia, alteração de sensibilidade superficial e esfincteres; realizado tratamento com corticoide, com boa resposta clínica. RM de medula cervical demonstra pequena lesão hiperintensa ao nível de C5-C6. RM de crânio e medula com múltiplas lesões desmielinizantes em substância branca. Caso 2 Mulher, afrodescendente, 53 anos, apresentou paresia de membro superior direito de inicio súbito e caráter progressivo, até evoluir para plegia do membro, com alterações de sensibilidade superficial e profunda associadas. RM de medula cervical com lesão extensa, com edema associado, captante de contraste. Avaliação clínica descartou processos metabólicos, inflamatórios ou infecciosos que justificassem a lesão. Pesquisa do anticorpo anti aquaporina 4 (AQP4), um marcador específico para NMO, foi positiva. Realizado tratamento com corticoide, com pouca resposta clínica.
Trata-se de um relato duplo de Mielite Transversa Aguda no contexto de duas diferentes doenças desmielinizantes do sistema nervoso central. O primeiro caso preencheu critérios para EM, enquanto o segundo para NMO, esse com lesão extensa e pouco responsiva a corticoterapia. O padrão medular auxiliou no diagnóstico e orientou o tratamento profilático; outros métodos, como LCR e AQP4 auxiliaram na confirmação diagnóstica. Lesões extensas da medula espinhal (LETM) são muito mais observadas nas síndromes do complexo NMO do que na EM, demonstrando a agressividade do processo inflamatório desse grupo.
Mielite transversa, Neuromielite óptica, Esclerose múltipla.
Clínica Médica
Pietra Sandim Nascimento, Carolina Oliveira Souza, Luiza Reis Sales, Yasmim Passos Dias, Vanderson Carvalho Neri