TROMBOANGEÍTE OBLITERANTE: RELATO DE CASO
FUNDAMENTAÇÃO/INTRODUÇÃO: A Tromboangeíte Obliterante (TAO) é uma doença inflamatória, segmentar não aterosclerótica, que afeta vasos sanguíneos de pequeno e médio calibre das extremidades dos membros superiores (MMSS) e inferiores, principalmente. Ocorre em 5 a 12 para cada 100.000 indivíduos. Sexo masculino e tabagistas são mais afetados, sendo a idade de início inferior a 45 anos.
OBJETIVOS: Descrever um caso clínico de TAO.
DELINEAMENTO/MÉTODOS: Relato de caso.
RESULTADOS: Paciente feminino, 46 anos, queixa-se de cianose e extremidades frias no 1º e 2º quirodáctilos da mão direita. Relata dor de intensidade fraca horas após o surgimento da cianose, piora progressiva do quadro álgico, despertares noturnos, com melhora parcial ao repouso e piora ao realizar atividades manuais. Refere dor recente no 5º quirodáctilo de intensidade menor que a anterior. Nega qualquer outro sinal ou sintoma local ou sistêmico. Hipertensa e tabagista (6 anos/maço), nega outras comorbidades. Ao exame físico alteração da sensibilidade, dor intensa ao toque, cianose, fenômeno de Raynaud e extremidades frias em polpas digitais distais nos 1º e 2º quirodáctilos da mão direita; pulsos braquial, radial e ulnar normais. Avaliada pelo cirurgião vascular, doenças trombóticas foram descartadas. Encaminhada à reumatologista, realizou Angio-Tomografia Computadorizada do membro superior direito evidenciando discretas áreas focais de redução do calibre de artérias metacarpais; Doppler Arterial de MMSS inalterado. Pesquisa de anticorpos anti-neutrófilos (C-ANCA e P-ANCA), sorologia de HIV, Fator Reumatóide e Proteína C Reativa todos negativos. Velocidade de Hemossedimentação (24mm/h), Fator Antinuclear (1/80-pontilhado fino), frações C3 (159mg/dL) e C4 (29mg/dL) do complemento. O diagnóstico de TAO foi firmado por exclusão, sendo prescrito Prednisona 20 mg, Nifedipina Retard 20 mg e Ibuprofeno 600 mg, além de orientação quanto ao cessamento do tabagismo.
CONCLUSÕES/CONSIDERAÇÕES FINAIS: A etiologia da TAO é desconhecida, mas é incontestável a forte associação com o tabagismo. Apesar dos critérios clínicos serem bem definidos como idade precoce, tabagismo, isquemia de extremidade distal e ausência de outros fatores de risco ateroscleróticos, embólicos, hipercoaguláveis e doença autoimune, o principal desafio é a ausência de critérios diagnósticos universalmente aceitos. O tratamento mais eficaz é a cessação do tabagismo, a fim de evitar a progressão da doença e a amputação.
PALAVRAS CHAVES: tabagismo, tromboangeíte obliterante, isquemia de extremidade distal, doença inflamatória.
Clínica Médica
UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora - Minas Gerais - Brasil
TAIANA DA SILVA ROCHA, ISABELLA CRISTINA ALVES BISPO, BRENO RICARDO GOMES SILVA, FABÍOLA SAMPAIO BRANDÃO