DOENÇA DE ADDISON: RELATO DE UM CASO COM DIAGNÓSTICO CLÍNICO TÍPICO E POUCO LEMBRADO
INTRODUÇÃO: A insuficiência adrenal pode ser primária ou secundária e manifestar-se de forma aguda ou crônica. Na forma primária ou Doença de Addison (DA) há baixa produção de cortisol e alta do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e suas causas mais comuns são adrenalite autoimune, tuberculose e paracoccidioidomicose. Sintomas surgem quando mais de 90% do tecido adrenocortical é destruído e são inespecíficos com distúrbios eletrolíticos, hipovolemia, hipotensão postural, avidez por sal e hipercromia.
OBJETIVO: Relatar um caso típico de DA com atraso diagnóstico.
DESCRIÇÃO DO CASO: Paciente masculino, 56 anos, admitido com emagrecimento de 15Kg em 4 meses, vômitos, hiporexia, fadiga e confusão mental de início há 4 anos, além de constipação intestinal, disfagia e hipotensão arterial. Com internações prévias pelas mesmas queixas e em tratamento para depressão, sem melhora clínica. Ao exame, encontrava-se emagrecido, desidratado e hipotenso, com máculas hipercrômicas na língua, face interna dos lábios e palmas das mãos e afirmou estar “ficando escuro”. A propedêutica mostrou anemia microcítica e hipocrômica, hipomagnesemia, hipercalemia, hiponatremia e acidose metabólica, com cortisol basal: 0,4 microgramas/decilitro (µg/dL) e ACTH: 493 picogramas/mililitros (pg/mL); anticorpos e função tireoideana normais.
À tomografia (TC) de abdome viu-se um nódulo de 2,2x1,5 centímetros com densidade de partes moles e discretas calcificações na adrenal esquerda e um pequeno espessamento da crura lateral da adrenal direita. Assim, diagnosticou-se DA por provável adrenalite autoimune apesar da ausência da típica atrofia das adrenais à TC de abdome. Foi tratado com Prednisona e Fludrocortisona com rápida normalização dos níveis pressóricos, melhora da fraqueza, da anemia e do humor deprimido, com boa aceitação da dieta e ganho de 8Kg de peso.
CONCLUSÃO: Esse caso típico de DA foi mascarado pelo tratamento para depressão em um paciente com problemas clínicos não resolvidos há anos, apesar da procura por atendimento médico. Trata-se de um diagnóstico raro iminentemente clínico-laboratorial, onde o atraso no tratamento pode custar a vida do paciente. A imagem das adrenais auxilia, porém, a confirmação diagnóstica se dá pela suspeita clínica com o cortisol baixo (< 5 µg/dL) e o ACTH alto (> 100 pg/mL). O acompanhamento ambulatorial é por toda a vida com ajustes das menores dose possíveis de corticoide e de mineralocorticoide que permitam manter o controle dos sintomas.
PALAVRAS-CHAVES: insuficiência adrenal primária, Doença de Addison, cortisol e ACTH.
Clínica Médica
HOSPITAL JULIA KUBITSCHEK - Minas Gerais - Brasil
LAÍS GONÇALVES BRASIL, KASSIA OLIVEIRA TAVARES, VIVIANE FERREIRA MORAIS, DANILO RIBEIRO RODRIGUES, BERNARDO FREIRE MELLO