Forame Oval Patente como causa de Acidente Vascular Encefálico Criptogênico em paciente jovem
A associação entre Forame Oval Patente (FOP) e acidente vascular encefálico criptogênico (AVEc) vêm de longa data, com os primeiros relatos datados de 1877. Desde então, a relação de causa e efeito dos dois é incerta. A hipótese é de que a passagem de êmbolos a partir da circulação direita através do forame fosse a causa do evento cerebrovascular. Os dados mais consistentes da literatura são a relação de FOP e aneurisma de septo, em que a concomitância aumenta o risco de eventos embólicos. No entanto é discutível se apenas a presença do FOP explicaria a ocorrência de um AVEc.
Demonstrar a relação de que na ausência de fatores de risco para eventos embólicos, somente a presença do FOP explicaria a ocorrência do AVEc na paciente estudada.
Estudo de abordagem descritiva tipo relato de caso, em que foram utilizadas informações pela análise de prontuário da paciente, resultados de exames e pesquisa em publicações científicas e livro texto.
Relato de caso: mulher, 52 anos, com histórico de hipertensão arterial sistêmica e obesidade, apresentou quadro súbito de mal estar associado à parestesia de membro superior esquerdo. Procurou pronto socorro, onde foi constatado em exame de tomografia de crânio imagem compatível com evento vascular isquêmico em região frontal e insular/subinsular à esquerda. Iniciada investigação etiológica, com eletrocardiograma e holter de 24 horas descartando arritmias; ecocardiograma transtorácico com dilatação discreta bi-atrial e função sistólica bi-ventricular preservada; Doppler de Carótidas e Vertebrais normal; ecocardiograma transesofágico mostrou ausência de trombos intracavitários e pequeno forame oval, com inversão de shunt ao teste de microbolhas. No seguimento foi realizada pesquisa de trombofilias hereditárias e provas de autoimunidade, ambas negativas. Portanto, trata-se de uma paciente que sofreu AVEc, e a única alteração após toda investigação foi a presença de FOP com inversão de shunt.
O FOP quando relacionado a eventos embólicos é considerado diagnóstico de exclusão. Com isso os rastreamentos para estados pró-trombóticos (disfunções hematológicas, doenças autoimunes), fibrilação atrial, aterosclerose carotídea significativa e alterações neurovasculares devem ser realizados nos pacientes antes que diagnostico definitivo seja firmado. Nesses casos, embora os resultados dos estudos sejam conflitantes, existe tendência para a indicação de fechamento de forame devido risco de outros episódios tromboembólicos.
Forame oval patente; Acidente vascular encefálico criptogênico;
Clínica Médica
Bruna Luisa Ferraço Lima, Daniel Fernandes Lopes Silva, Rubens Ferraço Malanquini, Klissia Ferraco Malanquini, Paulo Roberto Angelete Alvarez Bernardes