Paracoccidioidomicose aguda: Relato de Caso
A Paracoccidioidomicose (PCM) na forma aguda (Juvenil) é uma doença causada pelo fungo dimórfico P. brasiliensis, endêmica nas Américas, principalmente no meio rural, que acomete, predominantemente, o sexo masculino, caracterizada basicamente por lesões pulmonares, cutâneas e de mucosas, mas que também pode se apresentar de forma disseminada. A forma aguda (Juvenil) ocorre em 3 a 5% dos casos e se apresenta, geralmente, em pacientes menores de 30 anos, como uma doença do sistema reticulo-endotelial com disseminação generalizada para fígado, baço, linfonodos e medula óssea. O diagnóstico é feito por biópsia, cultura dos órgãos afetados e sorologias.
Descrever um caso de Paracoccidioidomicose na forma aguda de um paciente que procurou atendimento médico em um hospital terciário.
L.L.O, 22 anos, masculino, pardo, poçeiro, procurou o serviço de saúde no pronto atendimento de um hospital terciário referindo inapetência e febre (38,7º) havia 5 dias associada ao aparecimento de “nódulos” em região cervical, axilar e inguinal. Negava queixas respiratórias ou urinárias. Ao exame físico apresentava-se em regular estado geral, hidratado, hipocorado, febril, baço palpável 5 centímetros acima da cicatriz umbilical. Presença de linfonodomegalia em cadeias cervicais, retro-auricular, submandibular, supraclavicular, axilar e inguinal, de consistência elásticos, móveis, sem sinais flogísticos. Hemograma com anemia, leucocitose sem desvio à esquerda, eosinofilia e linfocitose, além de PCR elevado (102,4). Colhida as sorologias para HIV, Epstein-Barr, Citomegalovírus, Hepatites, Rubéola, Toxoplasmose, todas com resultados negativos. Tomografia de abdome que evidenciou presença de Esplenomegalia e múltiplos linfonodos em abdome superior. Aventada a hipótese de PCM, considerando a ocupação laboral e os achados clínicos, foi iniciado tratamento com Sulfametoxazol-Trimetoprima e realizado biópsia de gânglio supraclavicular com análise histopatológica confirmatória de Paracoccidioidomicose.
Paciente evoluiu com melhora gradativa importante e seguiu em acompanhamento ambulatorial.
Para o diagnóstico de Paracoccidioidomicose na fase aguda, esta patologia deve ser considerada entre os diagnósticos diferenciais de síndromes febris e linfonodomegalias, principalmente quando a epidemiologia nos fornece informações pertinentes, evitando erros diagnósticos, internações desnecessárias e agravamentos progressivos da doença.
Paracoccidioidomicose, Forma aguda
Clínica Médica
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Araras - São Paulo - Brasil
Juliano Valente Custódio, Pedro Dirceu Ortolani Junior, Mayra Peraro Jorge