Relato de Caso: Paralisia Periódica Hipocalêmica Tireotóxica com Insuficiência Respiratória e Necessidade de Intubação Orotraqueal
Introdução: A paralisia hipocalêmica aguda é causa incomum de fraqueza muscular aguda e, se não diagnosticada, pode evoluir para insuficiência respiratória e óbito. Por isso, o conhecimento médico sobre as principais causas de paralisia hipocalêmica é de suma importância. A maioria dos casos deve-se à paralisia hipocalêmica familiar, por mutação genética dos canais de sódio e potássio. No entanto, casos esporádicos estão associados a diversas etiologias, incluindo a paralisia periódica hipocalêmica tireototóxica (PPHT).
Objetivos: Relatar um caso de complicação do hipertireoidismo, afim de auxiliar o clínico a considerar a PPHT como diagnóstico diferencial de fraqueza muscular e hipocalemia na sala de emergência.
Relato de Caso: M.B.F.R., sexo masculino, 32 anos, pardo, procura atendimento com queixa de perda de força motora em membros inferiores há um mês, com piora progressiva, ascendendo para membros superiores, associado a quadro de sudorese, taquicardia, diarreia e perda ponderal de 20 quilos em 30 dias. A avaliação neurológica logo à chegada ao pronto atendimento evidenciou tetraparesia flácida, hiporreflexia global, nível de consciência e fala preservados, sem alteração pupilar. Os exames laboratoriais e líquor cefalorraquidiano coletados na chegada do paciente não evidenciaram alterações significativas, exceto por hipocalemia severa (K: 1,2mEq/L). Após poucas horas evoluiu para insuficiência respiratória e necessidade de intubação orotraqueal, sendo extubado em 24 horas após estabilização dos níveis séricos de potássio. Além disso, durante a internação, apresentou episódio de psicose e disfagia importante, com necessidade de alimentação enteral. A dosagem de hormônios tireoidianos revelou Hormônio Tireoestimulante suprimido (<0,001mU/ml), Tiroxina Livre aumentada (2,14ng/dL), Anti-receptor de TSH aumentado (26,29 UI/L) e Anti-tireoglobulina aumentado (221,97 UI/mL), diagnosticado com Doença de Graves. Iniciado tratamento com Propranolol, Propiltiouracil e reposição de potássio, com resolução dos sintomas. Recebeu alta em bom estado geral, melhora completa do quadro neuromuscular e encaminhado ao endocrinologista para seguimento.
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Conclusão: O diagnóstico de Paralisia Periódica Hipocalêmica deverá ser considerado em qualquer paciente que apresente fraqueza muscular aguda associada à hipocalemia, a qual deve ser prontamente corrigida, e a disfunção tireoidiana deverá ser investigada como etiologia, afim de se evitar desfechos desfavoráveis e graves.
Palavras-chave: Paralisia Periódica Hipopotassêmica, Hipertireoidismo, Tireotoxicose
Clínica Médica
Hospital Geral de Carapicuíba - São Paulo - Brasil
Bruna Alonso Saad, Glaucia Ferreira Abrahão, Rodrigo dos Santos Moraes, Camila de Almeida Castro, Fernanda Furukawa Pedrini