ANÁLISE RETROSPECTIVA DAS CARDIOVERSÕES ELÉTRICAS DE PACIENTES COM FIBRILAÇÃO ATRIAL REALIZADAS ELETIVAMENTE PELO AMBULATÓRIO DE ARRITMIA DA PREFEITURA DE BELO HORIZONTE/MG
A Fibrilação Atrial (FA) é um importante problema na saúde pública. Consiste na arritmia mais frequente encontrada na prática clínica, e sua prevalência sofre influência da idade e do sexo, sendo mais comum em mulheres idosas.
O Objetivo deste trabalho é mostrar a importância da anticoagulação em pacientes com FA , vizando reduzir eventos cardioembólicos e Acidente Vascular Encefálico (AVE); e ressaltar que o tamanho do átrio esquerdo (AE) e a fração de ejeção (FE), são relevantes para o sucesso de uma cardioversão elétrica (CVE).
Estudo retrospectivo, onde pacientes do SUS, residentes em Belo Horizonte, portadores de FA, são encaminhados para o ambulatório de arritmia da prefeitura do município, para avaliarem a indicação de CVE. Desses foram estudados 40 pacientes que se submeteram a CVE no período de 2011 a 2016. Os dados analisados foram: CHA2DS2-VASC; tamanho do AE; FE; o sucesso no procedimento; o número de pacientes anticoagulados corretamente; quantos usaram Warfarin e quantos usaram os novos anticoagulantes (NOACS); a presença de AVE ou outros eventos tromboembólicos pós CVE.
Todos os pacientes estavam corretamente anticoagulados, 90% com uso do Warfarin e 10% com os NOACS. Aqueles com CHA2DS2-VASC, maior ou igual a 2, permaneceram anticoagulados, mesmo quatro semanas pós CVE. Nenhum evoluiu com fenômeno cardioembólico no período avaliado. Em relação ao procedimento, mais da metade dos pacientes obtiveram sucesso imediato e mantiveram ritmo sinusal durante todo o período avaliado, e desses alguns retornaram a ritmo de FA. Aqueles com sucesso na CVE tinham um AE médio de 43,8 e uma FE média de 58,14%.
Eventos tromboembólicos podem ocorrer em 1% a 7% dos pacientes submetidos a CVE sem anticoagulação.
O escore mais completo e utilizado em pacientes com FA é o CHA2DS2-VASC e de acordo com sua pontuação o paciente é classificado em muito baixo, baixo e alto risco para tais eventos, norteando a necessidade de anticoagulação.
O trabalho mostrou que pacientes com FA que foram submetidos a CVE e corretamente anticoagulados não apresentaram nenhum evento cardioembólico. Os achados desse estudo chamam atenção para a importância de uma avaliação do tamanho do AE e da FE para prever a chance de sucesso da CVE, visto que quanto maior o átrio e menor a FE, menor a chance de sucesso na CVE.
Fibrilação Atrial, Cardioversão elétrica; Arritmia; Anticoagulação
Clínica Médica
Hospital Vera Cruz - Minas Gerais - Brasil
Rafaela Santos Garcia, Daniela Almeida Alves, Camila Lopes Zica, Amanda Alcantara Cunha Reis, Geraldo Magela Alvarenga Júnior