SÍNDROME DE BOERHAAVE COMO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE DOR TORÁCICA: RELATO DE CASO
A síndrome de Boerhaave consiste na ruptura esofagiana após o aumento abrupto da pressão intra-abdominal. O extravasamento de conteúdo gástrico para o mediastino e espaço pleural, provoca mediastinite e sepse grave, com alta mortalidade. O quadro clinico de dor torácica, muitas vezes, conduz para a propedêutica de coronariopatia, assim retarda o diagnóstico precoce e piora o prognóstico do paciente
Relatar um caso dessa rara e dramática entidade para difundir o conhecimento e atentar para a importância do diagnóstico diferencial nos quadros de dor torácica
Relato de caso ocorrido no Hospital Márcio Cunha
Homem, 66 anos, hipertenso, asmático, tabagista, obeso, admitido no pronto socorro com queixa de dor torácica esquerda, intensa e súbita, após indução de episódios de vômitos, há 3 horas. A dor apresentava exacerbada à movimentação respiratória, acompanhada de náusea, vômito, sudorese, com piora após a alimentação. Ao exame físico inicial: paciente com taquipneia, uso da musculatura acessória, murmúrio vesicular e expansibilidade diminuída em hemitórax esquerdo. Pulsos amplos, eucárdico, sinais vitais estáveis. Realizado o protocolo de síndrome coronariana aguda, sem melhora dos sintomas. Sintomatologia persistente e progressiva, mesmo após analgesia potente. ECG sem anormalidade, enzimas cardíacas negativas, bioquímica básica normal. Radiografia de tórax demonstra derrame pleural esquerdo. Tomografia de tórax evidencia pneumotórax e derrame pleural, ambos à esquerda. Toracocentese diagnóstica demonstra secreção tipicamente gástrica, com restos alimentares e odor característico. Diagnosticado Síndrome de Boerhaave, iniciado antibioticoterapia de amplo espectro e encaminhado à cirurgia de urgência para reparação. Após instituição de suporte intensivo atribuído às complicações, paciente recebe alta para seguimento ambulatorial
O diagnóstico da ruptura espontânea do esôfago deve ser suspeitado em casos de dor torácica atípica. Os inúmeros diagnósticos diferenciais, a baixa incidência e a evolução rápida de complicações, culminam com taxa de mortalidade de até 75%. A detecção precoce e a correção cirúrgica imediata são essenciais para a sobrevida e sucesso terapêutico.
Dor torácica; Ruptura esofagiana; Síndrome de Boerhaave; Mediastinite
Clínica Médica
JAMILLE HEMETRIO SALLES MARTINS COSTA, IARA OLIVEIRA ALVES, BALTAZAR EUSTAQUIO CHAVES FILHO, SAMIR HEMETRIO SALLES COSTA, POLIANA FERNANDES AMARO