Infecção fúngica dos seios paranasais: um relato de caso
Murcomicose (zigomicose) é uma infecção causada por fungos da ordem dos Mucorales, é considerada uma infecção oportunista grave, principalmente em pacientes com algum grau de imunossupressão. As manifestações clínicas variam de acordo com os órgãos acometidos. As principais são a rinocerebral (44-49%), cutâneo primário localizado ou generalizado (10-19%), pulmonar (10-11%) e gastrointestinal (2-11%). Na murcomicose rinocerebral encontra-se quadro febril, toxêmico, com evolução rápida e grave.
Demonstrar acometimento fúngico grave de seios paranais e suas complicações em um paciente de risco.
Relato de caso.
A.T, masculino, 77 anos de idade, branco, aposentado, admitido no Pronto Socorro em 04/12/16, com história de cefaleia hemicraniana à direita, com irradiação para região cervical, iniciada há duas semanas, sem sintomas associados. Com história prévia de corticoterapia sistêmica devido a insuficiência adrenal secundária à paracoccidioidomicose, além de hipertensão arterial sistêmica e diabetes melitus. Durante o internamento evoluiu com edema periorbital, hemorragia conjuntival, perda da movimentação da musculatura extrínseca ocular e amaurose de olho direito, associado à paralisia facial periférica à direita. Submetido à tomografia computadorizada de órbita, indicando celulite pré e pós septal associado à sinusopatia, iniciado antibioticoterapia endovenosa e coletado material para anatomopatológico e culturas. A cultura de fungos foi positiva para Rhizopus spp (zigomiceto), sugestivo de murcomicose, sendo iniciado esquema de tratamento com anfoterina B, objetivando-se atingir 2g de dose total. No dia 27/01/17 retornou à infectologia, mantendo perda visual de olho direito, proptose direita, fala pastosa e sensação de parestesia em face e os exames laboratoriais não apresentavam sinais de atividade de infecciosa.
A murcomicose é uma infecção oportunista emergente devido ao crescente número de pacientes com condições clínicas e imunológicas predisponentes. O contagio se dá a partir de fontes do meio ambiente, como terra, vegetais em decomposição, plantas e esterco animal. A via inalatória é a principal via de contaminação, sendo que as formas rinocerebrais e pulmonares somam entre 54-60% dos casos. Como o mal prognóstico é a regra, levando ao óbito em cerca de 40% dos pacientes acometidos, faz se necessário à capacitação para diagnóstico precoce.
Murcomicose, Paralisia Facial Periférica, Infecção Fúngica de Seios Paranasais.
Clínica Médica
Talliane Emanoeli Bettin, Sueny Monarin, Audria Taiane Souza Santos, Maria Fernanda Baesso, Cesar Helbel