Pneumocistose: Correlação clínica-radiológica em pacientes imunodeprimidos: Relato de caso
Introdução
A incidência de Pneumonia por Pneumocistis jiroveci ou Pneumocistose tem apresentado queda significativa devido a eficácia do tratamento com antirretrovirais e profilaxias. No entanto, ainda mantém-se uma das principais causas de infecções oportunistas em pacientes portadores da síndrome da imunodeficiência humana (SIDA).
Objetivo
O objetivo desse trabalho é demonstrar a importância da correlação clínica-radiológica da pneumocistose em pacientes imunodeprimidos, com o intuito de realizar o diagnóstico precoce e as devidas profilaxias, prevenindo infecções oportunistas.
Descrição do caso
Paciente J.S.G., masculino, 68 anos, natural do Rio de Janeiro, procurou atendimento na emergência do hospital com quadro de tosse seca, dispneia e febre de até 38,5º há uma semana. Há 1 ano refere perda ponderal de 30 quilos, inapetência e astenia.
Ao exame físico, apresentava-se emagrecido, taquipneico, hipoxêmico com saturação de oxigênio de 88%, confirmado na gasometria arterial. Ausculta pulmonar evidenciava roncos difusos e crepitações finas bibasais.
Foi iniciado antibioticoterapia para sepse de foco pulmonar. Exames laboratoriais evidenciaram leucocitose com desvio para esquerda e aumento da proteína C reativa. Radiografia de tórax apresentava infiltrado intersticial difuso bilateral. A tomografia computadorizada de tórax evidenciou áreas com atenuação em vidro fosco, enfisema centrolobular e parasseptal em ápices, áreas de consolidação e cistos difusos. Devido as imagens radiológicas bastante sugestivas de Pneumocistose, foi solicitado teste rápido para HIV que foi confirmado pelo teste de Western Blot e PCR RNA. A contagem de linfócitos T CD4 era de 188mm/3, o que favorece a infecção oportunista.
Na Unidade de Terapia Intensiva foi iniciado tratamento com sulfametoxazol-trimetropim e corticoterapia, onde permaneceu internado por dez dias, apresentando melhora clínica e laboratorial. Na enfermaria, deu continuidade ao tratamento com antibioticoterapia e antirretrovirais. No entanto, apresentou novo quadro de sepse pulmonar, evoluindo a óbito.
Conclusão
A pneumonia por Pneumocystis jiroveci é a infecção pulmonar mais comum em pacientes com SIDA. Muitas vezes a confirmação diagnóstica com identificação do agente infeccioso não é possível. Sendo assim, as apresentações radiológicas típicas associados ao quadro clínico, podem sugerir a principal hipótese diagnóstica, orientando o tratamento correto ao paciente.
Síndrome da imudodeficiência humana; SIDA; Pneumocistose; Pneumocystis jiroveci
Clínica Médica
Maria Fernanda Nasser Amoedo, Bárbara Costa Bracarense, Germana Rocha Torres, Luisa Adriana Almeida Antunes, Ana Paola Lavigne Safadi