Prevalência do uso de benzodiazepínicos em uma Unidade Básica de Saúde da cidade de Porto Velho- Rondônia
A mudança nos hábitos de vida da população tem gerado uma crescente procura por drogas destinadas a aliviar sintomas como estresse e ansiedade. Prescrições inapropriadas contribuem para o uso indiscriminado da classe dos benzodiazepínicos (BZDs), aumentando a probabilidade de reação adversa, intoxicação e dependência. O consumo excessivo é considerado um problema de saúde pública e tem aumentado progressivamente, especialmente entre mulheres e idosos. Isso ocorre devido a falta de informação dos usuários sobre os riscos do uso a longo prazo. No Brasil, é a terceira classe de droga mais prescrita, sendo utilizada por aproximadamente 4% da população. Por serem a principal alternativa terapêutica disponível na atenção básica, é necessário conhecer o processo que envolve a prescrição, dispensação e o uso desses medicamentos no intuito de apontar limites e possibilidades para o seu uso racional.
Avaliar a incidência e prevalência de pacientes em uso de BDZs numa Unidade Básica de Saúde (UBS) na cidade de Porto Velho-Rondônia.
Estudo longitudinal, quantitativo do tipo analítico com coleta de dados de 57 pacientes que faziam uso do medicamento há mais de seis meses ao longo dos atendimentos na UBS. Realizado intervenção através de orientações sobre uso consciente dos BDZs, encaminhamento para especialistas (psicólogos e psiquiatras) para tratamentos alternativos e reavaliação do diagnóstico inicial e desmame da droga quando indicado, mantendo análise dos resultados obtidos após a intervenção.
Dos 57 pacientes, 72% são do sexo feminino e 28% do sexo masculino. Prevalência de 84% da amostra em idade adulta, seguido por crianças com 9% e idosos com 7%. Os medicamentos mais utilizados são o clonazepam (62%), seguido de diazepam (36%) e alprazolam (2%). Entre os diagnósticos que motivaram o uso da droga está o relato de insônia (84%), convulsões (11%) e depressão (5%). Após a intervenção, alcançou-se uma taxa de redução/suspensão do uso do medicamento em 38% dos pacientes.
Observou-se que o consumo dos BDZs está associado principalmente ao diagnóstico de insônia, e que a incidência é amplamente maior em mulheres. Dos BDZs existentes no mercado, o mais utilizado é o clonazepam, de acesso gratuito pelo SUS. O acesso a informação e a orientação dos pacientes associado a um maior rigor na prescrição dos BDZs são fatores determinantes na interrupção do uso abusivo dos BDZs.
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Clínica Médica
Monique Ribeiro Gomes